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Dólar sobe mesmo com atuação do BC

Na máxima do dia, o dólar se aproximou da casa de R$ 2,40, ao atingir R$ 2,384. Pressionados pela depreciação do real, os juros futuros voltaram a subir na BM&F.

Fonte: Valor Econômico

Após o recuo de mais de 3% na sexta-feira, o dólar subiu ontem, refletindo ajustes técnicos e o ambiente externo, marcado por perda de força de divisas emergentes. A moeda americana fechou o pregão em alta de 1,32%, a R$ 2,384. Na máxima do dia, o dólar se aproximou da casa de R$ 2,40, ao atingir R$ 2,384. Pressionados pela depreciação do real, os juros futuros voltaram a subir na BM&F.

Um profissional da mesa de câmbio de uma grande corretora notou contínuas saídas de recursos pela conta comercial na semana passada e também ontem, sobretudo de uma grande empresa brasileira. Ele afirma que, além do fluxo negativo, alguns investidores que dispararam ordens de "stop loss" [limitação de perdas] na sexta-feira voltaram ao mercado ontem para comprar dólares, o que potencializou a alta da moeda americana.

Num ambiente de correção técnica, declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, tampouco ajudaram a aliviar as cotações. Em São Paulo, Mantega afirmou que o governo até poderia impedir a flutuação do dólar, mas que é melhor que o mercado encontre um patamar de equilíbrio. Mantega disse que o governo está modelando seus instrumentos para conter a volatilidade cambial e que não permitirá um repasse da alta do dólar à inflação.

O BC realizou ontem o primeiro leilão de swap cambial tradicional dentro do programa de intervenções anunciado na semana passada. A autoridade monetária vendeu todos os 10 mil contratos ofertados, com volume financeiro de US$ 497,9 milhões. "Os leilões do BC dão um alívio, claro, mas não tem capacidade para mudar a tendência. E nem o BC acha que pode fazer isso. É uma questão apenas de suavizar o movimento", afirma o diretor de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.

Em relatório, o Morgan Stanley diz que seu índice de moedas emergentes caiu recentemente ao menor nível ante o dólar desde o início de 2009. Segundo o banco, essa recente fraqueza tem ocorrido na esteira da forte correlação entre essas moedas e as taxas dos títulos do Tesouro americano, cuja alta apenas piorou as já existentes preocupações com competitividade e crescimento enfrentadas por muitos países emergentes. O Morgan Stanley chama atenção para o grupo das "Cinco Frágeis", ao qual pertencem as quatro moedas emergentes que mais caíram na semana passada - rupia indonésia, rupia indiana, rand sul-africano e o real.

Para o Morgan Stanley, há uma elevada convicção de que a tendência é de mais fraqueza no curto prazo, citando fatores comuns como elevados déficits em conta corrente e capacidade de financiamento externo. "Apesar dos esforços para tentar mitigar a fraqueza das moedas emergentes [com exceção do rand sul-africano], mantemos nossa visão negativa."

A evolução da taxa câmbio continua sendo uma das variáveis-chave para a definição do rumo da taxa básica de juros (Selic). Com a depreciação do real, as taxas dos principais contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) voltaram a subir.

As oscilações, contudo, foram modestas e em nada lembraram as arrancadas da semana passada. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 fechou a 10,34% (ante 10,24% na sexta-feira). Já o DI para janeiro de 2014 - que reflete as expectativas para o aperto monetário em curso - encerrou o pregão a 9,22% (ante 9,16% na sexta-feira). A aposta majoritária no mercado de juros futuros é que, nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a taxa básica mais uma vez em 0,5 ponto percentual, para 9% ao ano.