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Cuidado: consórcio não é bom investimento

É mais fácil para uma criança assimilar que ela deve escovar os dentes todos os dias e não fazer malcriações porque só assim o papai Noel passa em casa no fim do ano, do que assimilar que deve fazer as duas coisas por questões de higiene e zelo po

Desdobrar assuntos ligados à economia envolve a tarefa de desfazer muitos mitos. No fundo, de um modo geral, carregamos um pouco daquele ímpeto infantil de acreditar nas histórias que nos parecem ser convenientes. É mais fácil para uma criança assimilar que ela deve escovar os dentes todos os dias e não fazer malcriações porque só assim o papai Noel passa em casa no fim do ano, do que assimilar que deve fazer as duas coisas por questões de higiene e zelo por uma boa educação.

De modo semelhante, para grande parte da população, parece fácil crer que entrar em um consórcio seja um bom negócio. Há quem imagine que manter uma carta de crédito pode funcionar como uma espécie de "investimento". Mesmo sendo sorteada, a pessoa opta por não retirar o bem, um veículo por exemplo, e repassa a carta a terceiros, com o objetivo de receber dinheiro vivo referente às parcelas que já pagou.

O primeiro grande erro que comumente acontece é comparar o consórcio diretamente com o financiamento. No primeiro caso, até o dia que for contemplado, o cotista é um investidor, somente a partir desta data, ele passa a ser financiado de fato.

Nesse sentido, se a pessoa faz um consórcio durante 60 meses e é contemplada no 30º mês, a comparação correta é quanto a pessoa teria no trigésimo mês e daria esse valor de entrada. Quando fazemos essa conta, vemos que o consórcio, na esmagadora maioria dos casos, não vale a pena.

Outro erro comum é ignorar as altas taxas administração, a maioria dos planos cobra algo em torno de 16%, ou seja, de todo dinheiro que entrou 16% fica para a instituição que vendeu o consórcio.

Por fim, o dinheiro dos cotista é mal investido, pelos casos analisados o gestor faz aplicações que ficam bem abaixo da taxa básica da economia, ou seja, os cotistas fariam uma gestão melhor se investissem em títulos públicos.

Encarar um consórcio como um bom investimento é como manter a ingenuidade infantil ao acreditar no papai Noel. Se você está preocupado em aumentar seus rendimentos, aproveite as possibilidades oferecidas no mercado de renda fixa, tendo em vista os juros elevados no país.